Empresas com cultura forte e coerente costumam performar melhor, atrair talentos, reter seus melhores profissionais e criar um ambiente mais inovador e colaborativo. Já culturas tóxicas ou desorganizadas, mesmo em empresas com bons produtos, tendem a gerar rotatividade, baixa produtividade e resultados instáveis.
Cultura organizacional influencia diretamente os resultados
Segundo um estudo da Harvard Business School, empresas com uma cultura organizacional forte apresentam lucros 20% maiores em comparação com aquelas com cultura fraca ou incoerente. Além disso, um relatório da Gallup mostrou que organizações que cultivam engajamento entre os empregados (resultado direto da cultura) têm 21% mais lucratividade e 17% mais produtividade.
Mas por que isso acontece?
Simples: a cultura determina o comportamento coletivo. E o comportamento coletivo define o clima interno, a qualidade da comunicação, o nível de comprometimento com os objetivos e, consequentemente, os resultados do negócio.
Tipos de cultura organizacional e como impactam a performance
Diversos modelos classificam os tipos de cultura. Um dos mais usados é o Modelo dos Valores Concorrentes (Cameron & Quinn), que divide as culturas em quatro tipos principais:
1. Cultura de Clã (foco nas pessoas)
Organizações com forte senso de comunidade, colaboração e suporte mútuo. A performance costuma vir da motivação intrínseca dos colaboradores.
Exemplos: empresas de tecnologia em estágio inicial, startups e ONGs.
Impacto: Alto engajamento, retenção de talentos, criatividade, mas risco de baixa performance se não houver metas claras.
2. Cultura Adocrática (foco na inovação)
Empresas com ênfase na experimentação, iniciativa individual e quebra de padrões.
Exemplos: agências criativas, empresas de design, setores de inovação.
Impacto: Favorece inovação e adaptação ao mercado, mas pode gerar instabilidade ou dificuldade na execução de processos operacionais.
3. Cultura de Mercado (foco em resultados)
Empresas orientadas para competitividade, metas agressivas e eficiência.
Exemplos: bancos, grandes corporações, áreas comerciais.
Impacto: Alta performance no curto prazo, mas risco de esgotamento emocional, rivalidade interna e rotatividade.
4. Cultura Hierárquica (foco em processos)
Organizações estruturadas, com normas claras, cargos bem definidos e foco em estabilidade.
Exemplos: órgãos públicos, grandes indústrias tradicionais.
Impacto: Excelente controle operacional, mas menor flexibilidade para mudanças rápidas e inovação.
Diagnóstico cultural: como saber qual é a cultura da sua organização
Antes de usar a cultura como alavanca de performance, é necessário identificá-la com clareza. Algumas ferramentas e métodos que ajudam:
Pesquisas de clima organizacional
Entrevistas de desligamento
Análise de rotinas e padrões comportamentais
Workshops internos de escuta ativa
Mapeamento de valores na prática (não apenas os escritos)
Um dos sinais mais claros de uma cultura desalinhada é quando os valores “oficiais” da empresa estão desconectados da realidade vivida pelos empregados. Exemplo clássico: a missão diz que "as pessoas estão em primeiro lugar", mas o time trabalha sob pressão constante e não há diálogo com a liderança.
Cultura e Employer Branding: duas faces da mesma moeda
Na era da transparência e das redes sociais, a cultura organizacional virou vitrine. Sites como Glassdoor e redes como o LinkedIn fazem com que reputações internas se tornem públicas.
Empresas com culturas saudáveis constroem marcas empregadoras fortes (employer branding), atraindo os melhores profissionais do mercado. Já culturas problemáticas afastam talentos e podem até prejudicar a imagem externa da empresa junto a clientes e investidores.
Segundo a Randstad, 86% dos profissionais não aceitariam trabalhar em uma empresa com má reputação, mesmo desempregados.
Como a cultura impulsiona ou freia a inovação
A inovação não é um ato isolado — ela depende de ambiente, liberdade, segurança psicológica e tolerância ao erro. E tudo isso é fruto direto da cultura.
Uma pesquisa da McKinsey mostrou que 94% dos executivos consideram a inovação essencial para o crescimento, mas apenas 6% estão satisfeitos com sua performance nessa área. O grande gargalo? Cultura organizacional que pune o erro, sufoca ideias e ignora a colaboração.
Ou seja, empresas que desejam inovar precisam começar ajustando sua cultura: do discurso à prática.
A liderança como guardiã da cultura
Os líderes são os principais exemplos vivos da cultura organizacional. Suas atitudes, decisões, comportamentos e até omissões moldam a percepção do time.
É por isso que programas de desenvolvimento de liderança devem incluir treinamentos voltados à cultura — como dar feedbacks coerentes com os valores, como promover inclusão real, como manter a coerência entre discurso e atitude.
Cultura não se “implanta”. Cultura se constrói todos os dias — e a liderança é responsável por esse processo.
Como ajustar a cultura para melhorar a performance
Se sua organização percebe que há um desalinhamento entre cultura e performance, é possível fazer ajustes consistentes ao longo do tempo. Eis alguns passos recomendados:
Diagnóstico cultural completo
Definição clara dos valores reais desejados
Envolvimento da liderança no exemplo diário
Ações internas simbólicas e práticas (campanhas, rituais, recompensas)
Alinhamento de processos (como contratação e promoção) à cultura
Avaliação constante, com espaço para escuta dos empregados
Conclusão: cultura é o motor invisível da performance
A cultura de uma organização é o que impulsiona — ou bloqueia — seu desempenho. Ela está presente nas decisões cotidianas, na forma como o time se comunica, resolve conflitos, inova ou executa tarefas. Não basta ter bons produtos, bons sistemas e bons indicadores se a cultura não estiver alinhada aos resultados desejados.
Empresas que cuidam da sua cultura colhem frutos em produtividade, retenção, engajamento, inovação e reputação. Já as que ignoram esse aspecto pagam caro em médio e longo prazo, mesmo que os números aparentem estar bem no presente.
Cultura é o que fica quando o líder sai da sala. E ela diz tudo sobre o que a organização realmente valoriza — e, por consequência, sobre o que ela entrega.
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