Hoje, organizações modernas e bem-sucedidas compreendem que, para gerar engajamento e consistência, é necessário desenvolver uma Brand Persona Interna: a personificação da marca dentro do ambiente corporativo, que reflete sua voz, valores e identidade no dia a dia dos empregados. Essa abordagem estratégica transforma a cultura organizacional em um ativo vivo e coerente, promovendo conexão entre marca e pessoas.
O que é Brand Persona Interna?
Brand Persona Interna é o conjunto de atributos que representa a personalidade da marca dentro da empresa. É a “voz com que a marca fala com seus empregados”, alinhando o discurso interno com o propósito, os valores e o posicionamento institucional. Essa persona não deve ser apenas estética ou publicitária: ela influencia a comunicação, os rituais da empresa, a liderança e até os processos de onboarding, reconhecimento e feedback.
Enquanto a Brand Persona Externa se comunica com o cliente, a interna conversa com o time. Uma marca que se posiciona como jovem, criativa e ousada para o mercado não pode ter uma comunicação interna burocrática e fria. Essa dissonância é percebida e prejudica o sentimento de pertencimento.
Por que investir em cultura com identidade?
A construção de uma cultura com identidade fortalece o capital humano. Segundo uma pesquisa da Gallup, empresas com alto engajamento dos empregados têm 21% mais lucratividade e 17% mais produtividade. E o engajamento está diretamente ligado à clareza de propósito, comunicação coerente e cultura alinhada — todos pilares da Brand Persona Interna.
Além disso, a cultura com identidade:
Reduz turnover: empregados que se identificam com os valores da empresa tendem a permanecer mais tempo.
Aumenta o desempenho: pessoas inspiradas trabalham com mais motivação e responsabilidade.
Atrai talentos: empresas com cultura forte tornam-se desejadas por profissionais alinhados ao seu estilo.
Facilita mudanças: quando há clareza sobre “quem somos”, as decisões estratégicas encontram menos resistência.
Elementos-chave para criar uma Brand Persona Interna
1. Propósito claro e difundido
Toda construção começa pelo porquê. O propósito é a razão de existir da marca, o impacto que ela deseja gerar no mundo. Esse propósito precisa ser mais do que institucional: deve guiar decisões cotidianas e ser reconhecido por todos os níveis da organização.
Exemplo: se o propósito é “democratizar o acesso à educação de qualidade”, isso deve refletir tanto nas metas de negócio quanto na forma como se treina e desenvolve os próprios empregados.
2. Valores vivos e praticados
Os valores da empresa não podem ser apenas conceitos abstratos. Devem ser comportamentos tangíveis. Por isso, é importante traduzi-los em atitudes, exemplos e histórias reais que mostrem como eles são vividos na prática. Isso inclui desde políticas de RH até o estilo de liderança.
Uma empresa que valoriza a colaboração, por exemplo, precisa incentivar projetos em grupo, eliminar estruturas hierárquicas rígidas e premiar resultados coletivos.
3. Tom de voz e linguagem interna
Assim como se define um tom de voz para o público externo, é preciso fazer o mesmo internamente. A comunicação entre áreas, os comunicados da liderança, os treinamentos e até os avisos do RH devem ter uma linguagem alinhada com a identidade da marca.
Empresas despojadas e criativas podem usar humor e informalidade. Já organizações mais conservadoras devem prezar por clareza e formalidade. O importante é que a linguagem seja coerente e constante.
4. Ritualização da cultura
A cultura se fortalece por repetição. Por isso, rituais corporativos são uma ferramenta poderosa para sedimentar a Brand Persona Interna. Aniversários, reuniões de equipe, rituais de boas-vindas e despedidas, prêmios, campanhas internas — tudo isso pode carregar elementos simbólicos que reforçam os valores da empresa.
Exemplo: uma startup que valoriza a transparência pode ter um ritual semanal de “portas abertas”, onde qualquer empregado pode perguntar qualquer coisa à liderança.
5. Design e ambiente físico como extensão da marca
A cultura também se expressa visualmente. A decoração do escritório, os materiais de comunicação, as plataformas internas (intranet, murais digitais, sistemas de gestão) e até o dress code devem refletir a Brand Persona Interna.
A chamada “neuroarquitetura corporativa” tem mostrado como ambientes alinhados à cultura aumentam a produtividade e o bem-estar. Cores, formas, iluminação e disposição de mesas dizem muito sobre como a empresa se enxerga.
Como alinhar a marca interna com os empregados
Diagnóstico de cultura
Antes de construir a Brand Persona Interna, é preciso entender a cultura existente. Isso pode ser feito por meio de entrevistas, pesquisas de clima organizacional, análise de canais internos e observação do comportamento das equipes. É importante ouvir todos os níveis hierárquicos e ser honesto sobre os desafios.
Cocriação com os times
Construir a persona de forma coletiva fortalece o sentimento de pertencimento. Workshops com líderes e equipes podem ajudar a definir palavras-chave, comportamentos desejados e ajustes na comunicação.
Guia da Marca Interna
Assim como existe um brand book para o público externo, é interessante criar um guia de marca interna com diretrizes de tom de voz, rituais, valores práticos e boas práticas de comunicação. Esse material pode ser utilizado no onboarding, treinamentos e ações de endomarketing.
Comunicação estratégica e constante
A identidade interna precisa ser reforçada de forma recorrente. Use todos os canais disponíveis — e-mail, WhatsApp, reuniões, quadros, vídeos, campanhas internas — para comunicar mensagens que estejam alinhadas com a Brand Persona. Reforce histórias que exemplifiquem os valores da marca.
Casos reais de sucesso
Natura: tem uma cultura interna extremamente alinhada à sua proposta de sustentabilidade e bem-estar. Desde a arquitetura dos escritórios até o tom das comunicações internas reforçam a ideia de conexão com a natureza.
Magazine Luiza: sua Brand Persona Interna é leve, humana e inovadora. Isso reflete na forma como a empresa se comunica com seus empregados e nas ações lideradas por Luiza Helena Trajano.
Google: cultura de liberdade, criatividade e colaboração se manifesta não só nos espaços de trabalho, mas também na maneira como ideias são compartilhadas entre os times.
Conclusão: quando o empregado veste a camisa da marca
Construir uma Brand Persona Interna é dar voz à cultura. Quando os empregados se reconhecem nos valores da empresa, entendem o propósito e percebem coerência entre discurso e prática, tornam-se embaixadores da marca. O resultado não é apenas um time mais engajado, mas uma organização mais coesa, admirada e competitiva.
A cultura não é o que você escreve na parede — é o que as pessoas vivem no café, no Slack, no treinamento, no elogio público e nas reuniões semanais. É onde mora o diferencial das grandes marcas.
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